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RISCOS COMPRADOS DE JOSÉ EDUARDO SÃO A MAIOR PROVA DE SUA OBSESSÃO PELA RETOMADA DO PODER

Ao se opor, mesmo sem sucesso, à continuidade dos Meirelles à frente da FAESP e migrar para o PL, o filho de Dona Edna mostra que está disposto a tudo, menos perder para Junão

05/12/2023 às 10h31
Por: Conrado Vitali
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RISCOS COMPRADOS DE JOSÉ EDUARDO SÃO A MAIOR PROVA DE SUA OBSESSÃO PELA RETOMADA DO PODER
A política é uma arte das coxias. Dos camarins. Enquanto os tolos dizem um monte de bobagens na boca do palco, é perto dali, por trás das cortinas, que a vida acontece e onde se forja o futuro,sempre em ferro quente. É por isso que as entrelinhas dizem muito mais que os rabiscos aos quais se apegam os obtusos. Os riscos comprados de José Eduardo são, em última análise, a maior prova de sua obsessão pela retomada do poder. E sim, uma obsessão alimentada pelo que nos faz humanos: as aparentes contradições, o desejo de desforra (mas pode me chamar de vingança), a vaidade em se sentir novamente vitorioso lavando a alma diante de todos os carrascos de 2020 e o desejo ardente de limpar o nome buscando o veredito das urnas. Tudo, absolutamente tudo, legitimamente humano.Nesse sentido, há dois movimentos de José Eduardo que merecem especial atenção. Ao se opor, sem sucesso, à continuidade dos Meirelles à frente da FAESP e migrar para o PL, o filho de Dona Edna mostra que está disposto a tudo, menos perder para Junão.
 
A BARAFUNDA DA ELEIÇÃO DA FAESP
Conhecida como a “Fiesp do Agro”, o “Pato Amarelo” do campo, a poderosa FAESP – Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, é um colosso da agricultura paulista que reúne 235 sindicatos rurais patronais filiados e outras 340 extensões de base espalhadas pelos 645 municípios paulistas. A federação também é dona , ainda que como sócia minoritária, da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), a principal feira do agronegócio brasileiro, realizada em Ribeirão Preto e que gerou, só este ano, nada menos que R$ 13,29 bilhões em intenções de negócios. Pois José Eduardo, durante mais de meia década, foi executivo, em São Paulo (capital) desse gigante bilionário. Quem abriu as portas da FAESP para o filho de Dona Edna experimentar o que ele mesmo considera como alguns dos melhores anos de sua vida (quando passava a semana na cidade mais cosmopolita da América Latina e retornava à Guaíra para os sábados e domingos com a família e a lavoura), foi Fábio Meirelles, senhor feudal , hoje com 95 anos, que está há meio século no comando da federação e sobre quem recaem, de forma recorrente, acusações de uso da entidade para benefício próprio e de familiares.
 
FEIJÕES MÁGICOS
Durante muitos anos, José Eduardo foi considerado como um filho por Meirelles. Diz a lenda e confirmam os fatos pregressos, que o todo-poderoso da FAESP dava a José Eduardo o tratamento de “irmão que o Tirso não teve”. Mas quem vem a ser Tirso? Ninguém menos que o filho de Meirelles eleito ontem, depois de uma disputa encarniçada que pagou pedágio na justiça, o novo presidente da FAESP, em sucessão ao pai. A candidatura de Tirso, antes da vitória de ontem, foi contestada nos tribunais, pelo presidente do Sindicado Rural de Ribeirão Preto e bolsonarista-raiz Paulo Junqueira. Paulo montou uma chapa de oposição (que depois de impugnar a eleição de Tirso como candidato único acabou ela mesma sendo impugnada) com dezenas de empresários rurais de todo o estado de São Paulo. Um saco de feijões mágicos (daqueles que levam para o céu) para quem adivinhar qual o produtor rural guairense estava na fracassada chapa oposicionista? Sim, José Eduardo Coscrato Lelis. Mesmo sabendo que a ideia de oposição aos Meirelles não iria prosperar e mesmo diante da situação contraditória e pessoalmente difícil de se opor ao próprio “padrinho” e ao “irmão de consideração” na FAESP; José Eduardo, fez o que devia à luz do que ambiciona. Como “cristão novo” do Partido Liberal, o filho de Dona Edna precisava demonstrar fidelidade aos bolsonaristas de Paulo Junqueira, um dos próceres da sigla no interior. Ainda que isso lhe custasse a acusação de dar dado as costas a quem o introduziu e o prestigiou na federação. Um risco comprado, assumido e precificado que diz muito, mas muito mesmo, sobre a determinação de José Eduardo em tirar Junão da prefeitura.
 
ESTRELA DO HORÁRIO NOBRE
Ainda causa natural estranheza ver um social democrata como José Eduardo migrar para um partido de direita que abriga um extremista e radical como Bolsonaro. Em Brasília, nos corredores de tribunais e palácios, a prisão do ex-presidente, já condenado com a inegibilidade, é dada como certa lá pelas tantas do final do primeiro semestre de 2024, pouco antes das eleições municipais em todo Brasil. José Eduardo não ignora isso. Apenas não admite. Assim como também não admite publicamente mas condena em reservado, para poucos interlocutores, o comportamento pessoal de Bolsonaro. Sempre é bom lembrar que durante a campanha de 2020, contaminado pela Covid-19, José Eduardo recebeu a visita da morte que quase o levou enquanto Bolsonaro negligenciava vacinas , atacava a doença e 700 mil brasileiros desciam à cova. José Eduardo não é um bolsonarista-raiz mas precisa, para vencer Junão, do voto dos guairenses que votaram em Bolsonaro. Mais do que isso, sabe que vai disputar com o filho de Dona Eliza votos de um mesmo espectro político. Pau a pau. Cabeça a cabeça. Contradição a contradição. Escândalo a escândalo. Não é por outra razão que na semana passada José Eduardo surpreendeu a cidade como estrela do horário nobre na propaganda partidária do PL. Mais um risco comprado, assumido e precificado por aquele que foi arrancado do poder por um golpe institucional que continua entalado em sua garganta. Dá até para ouvir, com impressionante clareza, a voz de Waldemar Chubaci, seguramente o maior social democrata que a história de Guaíra já conheceu, ensinando, do alto de sua vitoriosa experiência: “em política pode tudo...menos perder”.
 
QUALQUER ARMADURA
No vídeo deste post, inteligência artificial mostra José Eduardo durante a gravação de propaganda partidária exibida em horário nobre. O filho de Dona Edna estaria disposto a vestir qualquer armadura – desde que eficaz - para a guerra destinada a levá-lo de volta ao poder
 
Conrado Vitali,54, guairense radicado em Brasília (DF) desde 1998, é jornalista e political marketer, tendo sido vitorioso em várias campanhas eleitorais que coordenou em sua terra natal (Guaíra-SP).

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'A coluna “2024 é Logo Ali” é destinada exclusivamente aos seguidores e à audiência do município de Guaíra-SP, terra natal deste colunista'.
Esse é o texto para definição dessa coluna no perfil pessoal de rede social do Jornalista Conrado Vitali, que atualmente reside e trabalha em Brasília - DF.
Aqui serão reproduzidos seus textos na íntegra, sendo que tal reprodução está previamente autorizada pelo autor.
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