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APOIO A BOLSONARO PODE SER O “O BOA NOITE CINDERELA” PARA JOSÉ EDUARDO E JUNÃO

O “conservador” eleitor guairense nunca votou em projetos ou partidos e sim em pessoas. E vai continuar sendo assim

Conrado Vitali
Por: Conrado Vitali
02/12/2023 às 14h39
APOIO A BOLSONARO PODE SER O “O BOA NOITE CINDERELA” PARA JOSÉ EDUARDO E JUNÃO
José Eduardo e Junão, ambos prontos para um Baile de Máscaras. Nenhum dos dois precisa disso. Os guairenses conhecem, de olhos fechados, os milagres e pecados de cada um. Ganhará quem errar menos e não quem puxar mais o saco do bolsonarismo. “Boa noite Ci

Disputa por quem representa mais os “valores bolsonaristas” coloca os filhos de Dona Edna e Dona Eliza no mesmo balaio da insensatez

Em Guaíra (SP), terra natal deste jornalista, tomar um drink no inferno pode ser mais fácil do que assistir a um filme de luta e sangue de Quentin Tarantino. A disputa pouco inteligente – para não dizer burra – entre os antípodas Antonio Manoel e José Eduardo, protoganistas do “Duelo de Titãs”; pelo “título” de quem representa mais os “valores bolsonaristas”, coloca os filhos de Dona Edna e Dona Eliza no mesmo balaio da insensatez. Tendo o desespero (um para voltar e outro para ficar ) como inspiração, tanto José Eduardo quanto Junão calculam, equivocadamente, que para garantir os votos (que os dois precisam) do “conservador” eleitor guairense, precisam também, ato contínuo e via de regra, se mostrar simpáticos ao bolsonarismo-raiz como se isso fizesse, de fato, algum sentido. Estão enganados. O eleitor guairense, durante as disputas locais, nunca votou em projetos ou partidos e sim em pessoas. E vai continuar sendo assim.

 

FEDERALIZAÇÃO DA DISPUTA MUNICIPAL SÓ IRIA CONSUMIR ENERGIAS DESNECESSÁRIAS

Não é preciso esgotar o estoque de fosfato para compreender o que aqui se diz. O “conservadorismo” dos guairenses é volátil e se adapta com muita facilidade aos próprios interesses. Não fosse assim, Cláudio Armani, representante dos despossuídos, não teria quebrado a banca do establishment local em 1996. Não fosse assim, Sérgio de Mello, progressista histórico, não teria sido eleito duas vezes, na esteira da bonança econômica dos governos petistas. Uma vez em 2004 e outra em 2012. Nesta última, orientado por este “marqueteiro” que vos fala; obteve mais de 12 mil votos do dito e aqui desdito “eleitor conservador” de Guaíra. Nunca é demais lembrar o mantra cunhado nos anos 90 por James Carville, marqueteiro da campanha do então candidato à Casa Branca Bill Clinton. Os coordenadores da campanha de Clinton, então desconhecido governador do Arkansas, batiam cabeça sobre como desconstruir o adversário Bush “Pai” quando então Carville, com sua habitual franqueza, disparou, sem rodeios, olhando nos olhos do homem que ele faria se tornar o 42º presidente dos Estados Unidos: “é a economia estúpido !”. Estava absolutamente correto. A partir daí, Clinton ajustou seus discursos atacando o fracasso econômico de Bush Pai e levou 370 dos delegados dos colégios eleitorais das intrincadas eleições americanas ,tornando-se um dos mais jovens presidentes dos Estados Unidos. Trocando em miúdos para ver se essa gente abre a cabeça e não perde tempo: conservador ou não, radical ou não, papai-mãe, frango assado ou panssexual, membro da Opus Dei ou discípulo das Bruxas de Salém, católico apostólico romano ou luterano, maçaramduba ou mamadeira de piroca; o que o eleitor – qualquer eleitor, de qualquer lugar – quer mesmo é que sua vida seja boa. E ponto final. Se José Eduardo mostrar que com ele, a vida dos guairenses vai ser melhor, Junão está fora. Se Junão conseguir convencer esses mesmos guairenses que a volta de José Eduardo vai bagunçar a vida deles, o filho de Dona Edna será sepultado politicamente. Pouco importa se Junão se pendure nas partes baixas do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas, como fez neste sábado durante a entrega de casas populares; ou se José Eduardo se filou ao PL, partido de Bolsonaro. Portanto, federalizar a disputa municipal é uma grande bobagem que só iria, estupidamente, consumir energias desnecessárias.

 

A ESTRANHA “INDEPENDÊNCIA” PETISTA

Outra demonstração clara de que o conservadorismo não é o que move os guairenses quando se trata de uma eleição municipal é a dubiedade do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores. Apesar de falar em renascimento e “independência”, a partir da volta de Lula ao poder, os petistas guairenses parecem não se incomodar muito com a presença de antigos companheiros em vários escalões do governo “conservador”, “tarcisista” e “bolsonarista” de Antonio Manoel. Parecem preferir a manutenção de sinecuras na máquina pública do que criar caso com Junão. “Se ele aceitar nosso apoio contra os ‘conservadores eduardistas’ está de bom tamanho”. Perceberam a patuscada? O ridículo todo? Os guairenses, influenciados por sua tradição agrária e interiorana, são, de fato, em números nada desprezíveis, eleitores de centro-direita quando se trata de disputas nacionais. Mas quando a coisa é local, os guairenses são apenas o que sempre foram: guairenses.

 

UMA GUERRA DE FILHOS

As eleições municipais de 2024 em Guaíra – SP não serão entre quem mais bajula o pensamento bolsonarista. As eleições na cidade serão uma guerra de filhos bem nascidos e bem conhecidos. O filho de Dona Edna e Seu Adnaer e o filho de Dona Eliza e Seu Antonio Manoel. Os dois tem uma longa história na cidade. Seus milagres e pecados são conhecidos por todos. Desde a atendente da padaria até o puxa-saco da prefeitura. É para a vida de cada um deles que os eleitores vão se voltar. “O José Eduardo é um bom moço educado que sempre me tratou bem e foi injustiçado. Eu gosto dele. Ele cuidou bem da gente como prefeito. Vou votar nele”. “O Junão não é simpático mas está cumprindo o que prometeu. Ele limpou a prefeitura e está indo bem. Eu vou votar de novo nele”. José Eduardo e Junão , que para azar do destino e prazer da história política, têm origem na mesma elite econômica que tantos prefeitos já elegeu em Guaíra ; vão disputar o mesmo voto de guairenses que, em seu “conservadorismo”, já elegeram Cláudio Armani e Sérgio de Mello. Para que então buscar um “Boa Noite Cinderela”, um “Drink no Inferno”, se podem beber a água limpa das evidências?

Nas imagens, inteligência artificial mostra José Eduardo e Junão, ambos prontos para um Baile de Máscaras. Nenhum dos dois precisa disso. Os guairenses conhecem, de olhos fechados, os milagres e pecados de cada um. Ganhará quem errar menos e não quem puxar mais o saco do bolsonarismo. “Boa noite Cinderela...aceita um drink"?

 

Conrado Vitali,54, guairense radicado em Brasília (DF) desde 1998, é jornalista e political marketer, tendo sido vitorioso em várias campanhas eleitorais que coordenou em sua terra natal (Guaíra-SP)

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'A coluna “2024 é Logo Ali” é destinada exclusivamente aos seguidores e à audiência do município de Guaíra-SP, terra natal deste colunista'.
Esse é o texto para definição dessa coluna no perfil pessoal de rede social do Jornalista Conrado Vitali, que atualmente reside e trabalha em Brasília - DF.
Aqui serão reproduzidos seus textos na íntegra, sendo que tal reprodução está previamente autorizada pelo autor.
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