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ENVELHECIDO E POROSO, GRUPO DE JOSÉ EDUARDO SOFRE PARA JUNTAR CACOS, CONTROLAR INDESEJÁVEIS, RESGATAR DESGARRADOS E ENCONTRAR A PRÓPRIA IDENTIDADE

Concentração de “todas as esperanças” sobre o nome do filho de Dona Edna é sintoma inequívoco da falta crônica de um “plano B” para retomar o poder

Conrado Vitali
Por: Conrado Vitali
23/11/2023 às 13h51 Atualizada em 23/11/2023 às 14h13
ENVELHECIDO E POROSO, GRUPO DE JOSÉ EDUARDO SOFRE PARA JUNTAR CACOS, CONTROLAR INDESEJÁVEIS, RESGATAR DESGARRADOS E ENCONTRAR A PRÓPRIA IDENTIDADE
Na imagem, inteligência artificial cria caricatura realista de José Eduardo, envelhecido e desesperado e tendo ao fundo uma Torre de Babel repleta de personagens falando

Único capaz de ameaçar Junão, José Eduardo não pode errar e muito menos conduzir sua campanha em 2024 com a tranquilidade de 2020

BRASÍLIA-DF (23/11/2023) - A volta de José Eduardo ao jogo diz muito sobre o que pouco se fala. É certo que o filho de Dona Edna, dono de um carisma gigantesco e, ao que tudo indica, resiliente aos escândalos vinculados ao seu nome desde que a prefeitura de Guaíra (SP) foi cercada, no 9 de Dezembro de 2020 – “o dia que nunca terminou” - por camburões e membros do GAECO; é o único capaz de ameaçar Junão, prefeito-candidato favorito nas municipais de 2024. Entretanto, o fato da candidatura de José Eduardo ter sido revelada antes mesmo do que ele planejava não significa que o caminho que o primeiro prefeito reeleito da história da cidade (e também primeiro a perder o cargo por acusações de corrupção) não será árduo. Envelhecido e poroso, o grupo de José Eduardo sofre para juntar cacos, controlar indesejáveis, resgatar desgarrados e encontrar a própria identidade.

 

A MUDANÇA DE PELE

A mudança de pele partidária de José Eduardo, que se filiou ao PL depois de anos desfilando como tucano emplumado do PDSB , é um dos sintomas mais evidentes das dificuldades que o ex-prefeito enfrenta e das imposições da realidade às quais ele precisa se sujeitar. Em busca do voto do eleitor conservador de Guaíra (o mesmo que, em grande parte, votou em Junão nas suplementares de 2021), o filho de Dona Edna migrou para o partido de Valdemar da Costa Neto e Bolsonaro. É como se José Eduardo estivesse, sem pudor e sem saída, despindo-se do verniz social-democrata que ainda mantinha como tucano para se associar de vez ao conservadorismo liberal, de direita. José Eduardo acredita que a associação ao bolsonarismo mais o ajuda que o atrapalha. Em certa medida, pode ter razão pragmática. Não é segredo para ninguém que a terra natal deste jornalista respira em torno de tradições agrárias. É assim que, ao buscar apoio do “Agro”, setor que sempre tapou o nariz e fechou os olhos para as tragédias e crimes do Governo Bolsonaro, o filho de Dona Edna acena, como produtor rural, para a classe que, na dúvida, poderia votar em Junão.

 

2024 NÃO É 2020

Em 2020, apesar de ter começado aquele ano com números apenas razoáveis nas pesquisas de intenção de voto, José Eduardo era o prefeito de Guaíra. Tinha a máquina governamental na mão e nenhum escândalo de corrupção nas costas. Em 2024, será exatamente o oposto. Além de não contar com a vantagem clássica de ser o demandante administrativo, José Eduardo caminha com a espada do GAECO cravada em suas costas. Pouco interessa se ele tem culpa ou não no cartório das lambanças que teriam sido cometidas por membros do alto escalão de seu governo. Junão vai bombardeá-lo sem dó nem piedade, “full time”, durante toda a campanha. Não se pode desprezar a força da repetição massiva de fotos e vídeos (que ainda não apareceram mas estão cuidadosamente guardados) com eduardistas de primeira grandeza sendo levados presos no chiqueirinho (“lugar da sujeira”, dirão os manoelistas) de viaturas policiais. É assim e simplesmente assim que José Eduardo não se pode dar ao luxo de esperar para começar sua campanha. A de Junão já começou.

 

VOZES INÚTEIS

Além de precisar, gostando ou não, de começar bem mais cedo sua campanha ( e aqui não se fala de calendário eleitoral e sim da construção antecipada de narrativas), José Eduardo, muito mais do que já fez em 2020, terá de fazer ouvidos moucos às vozes inúteis dos que o cercam, à exceção de pouquíssimos. Grande parte do que se pode chamar de grupo “eduardista” é hoje formada por companheiros tóxicos envolvidos direta ou indiretamente no Escândalo do Gaeco, enciumados desgarrados que acham que valem muito mais do que realmente pesam e palpiteiros que nunca acertaram uma previsão mas, mesmo assim, não conseguem manter a boca fechada com “dicas infalíveis” para a vitória.

 

A FALTA DE UM PROJETO DE GOVERNANÇA

Mas afinal, o que José Eduardo tem a oferecer para voltar ao poder e impedir que Junão se reeleja? Confiar apenas e tão somente no poder do próprio carisma é padecer, de véspera, de “vertigens de baixa altitude”. José Eduardo quer vingança pura e simplesmente ou tem algo concreto a oferecer aos guairenses que Junão já não ofereça? O filho de Dona Edna terá de enfrentar essa dúvida ao longo de toda sua campanha. Não seria muito melhor trabalhar, desde já, com a construção “narrada” de um projeto de governança capaz de conquistar corações e mentes e aí, sim, isso ser galvanizado pelo carisma do “bom moço”? O eduardismo, se quiser sobreviver como desdobramento histórico e honrado do fabismo e do orlandismo, precisa de reconstruir, para ontem, sua identidade. Se quiser, de fato, vencer, José Eduardo terá de aceitar que, ao contrário de 2020, em 2024 o tempo não está a seu favor.

 

TORRE DE BABEL

Na imagem deste post, inteligência artificial cria caricatura realista de José Eduardo, envelhecido e desesperado (contrastando com sua habitual calma) e tendo ao fundo uma Torre de Babel repleta de personagens falando cada um uma língua diferente, sem ninguém se entender. Narrativa mítica encontrada no livro de Gênesis, na Bíblia, usada para explicar o surgimento da diversidade linguística da humanidade e a dispersão dos seres humanos pela Terra; a Torre de Babel também serve para explicar os imensos desafios que José Eduardo tem pela frente em sua missão, nada fácil, de derrotar Antonio Manoel.

Conrado Vitali,54, guairense radicado em Brasília (DF) desde 1998, é jornalista e political marketer, tendo sido vitorioso em várias campanhas eleitorais que coordenou em sua terra natal (Guaíra-SP).

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'A coluna “2024 é Logo Ali” é destinada exclusivamente aos seguidores e à audiência do município de Guaíra-SP, terra natal deste colunista'.
Esse é o texto para definição dessa coluna no perfil pessoal de rede social do Jornalista Conrado Vitali, que atualmente reside e trabalha em Brasília - DF.
Aqui serão reproduzidos seus textos na íntegra, sendo que tal reprodução está previamente autorizada pelo autor.
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