A campanha que elegeu Junão prefeito-tampão de Guaíra (SP) – terra natal deste jornalista – nas eleições suplementares de 2021 foi quase infantil. Uma mistura do de sempre: dinheiro sobrando, amadores cheios de “grandes ideias” e palpiteiros em quantidade que faria inveja à infantaria do exército de Israel. “Mas e por que deu certo mesmo assim?”. Elementar, meu caro Watson. Elementar... Junão surfava na onda do Escândalo do Gaeco, que reduziu os adversários tucanos a um bando de pintinhos depenados. Edvaldo Morais, o adversário daquelas suplementares, foi imolado em praça pública num sacrifício feito de esforço inútil, certeza da derrota e humilhações veladas impostas “na melhor das intenções” por um José Eduardo ressentido, o então prefeito impedido que gravou um vídeo de apoio ao “companheiro de partido” mas no dia da eleição tratou de estar bem longe, viajando para o Tocantins sem votar no “afilhado”. É assim que Junão, apesar de ser historicamente ruim de voto, venceria com facilidade, naquelas suplementares, qualquer adversário ligado ao grupo político que teve próceres e figurões levados à cadeia algemados nos chiqueirinhos de camburões. As besteiras cometidas pelos “gênios” da campanha manoelista, todas já gravadas na retina do anedotário político local , não foram suficientes para comprometer a vitória do filho de Dona Eliza. Não seriam de qualquer forma.

 

A história só se repete em forma de farsa. Que Junão e os seus tenham isso em mente. E não só eles. Vale também para José Eduardo e seu “chove não molha” que grita de tão óbvio. Nem o cenário de 2024 será o mesmo de 2021 e nem Junão é o mesmo candidato daquela suplementar tresloucada. Como já dito aqui em artigo anterior, a imagem “imaculada” do Junão “caçador de corruptos” já não cola mais. Como prefeito de fato, Junão deixou as delícias de candidato vencedor para viver, diariamente, o inferno de administrador cercado por problemas, cobranças e uma entourage problemática e inexperiente. Ganhar é gostoso. Governar é um saco. Além de insalubre. Diante disso, que qualquer candidato às municipais de 2024, seja em Guaíra ou no Chuí; seja Junão, José Eduardo ou uma reencarnação de Polycarpo Silveira; se prepare para uma nova forma de se fazer campanha. O que é diferente (embora muitos não consigam entender) de se fazer política. No ano que vem, jornais impressos e emissoras de rádio perderão enormes espaços, muito provavelmente de forma definitiva, para plataformas eletrônicas como as redes sociais, podcasts e videocasts. Vídeos rápidos e inteligentes darão as cartas e ditarão os rumos. Mais do que isso, a presença da IA – Inteligência Artificial , será tão assombrosa quanto inescapável. Estratégias jecas já não elegem mais nem Junões nem Eduardos.

No vídeo deste post, um pequeno exemplo do que a IA é capaz de fazer sem pedir licença. Quem viver, verá.