BRASÍLIA (DF) – 4 de setembro de 2023 - No fundo, José Eduardo sabe que ele e Junão vieram, em certa medida, do mesmo nascedouro político e social. No fundo, José Eduardo sabe que Junão, por mais rico que seja para os padrões locais, jamais terá condições de “comprar” um carisma que nunca teve. Exatamente o mesmo que sobra no filho de Dona Edna. No fundo, José Eduardo sabe que já era hora da cidade emular um novo nome, uma nova liderança. Longe da calvície de Junão e também distante do bom mocismo de José Eduardo. Só que não há tempo para isso. Em menos de um ano a campanha pelas municipais de 2024 vai estar nas ruas e não se fabrica um salvador do município em tão pouco tempo. No fundo, José Eduardo sabe que sua vaidade o guiará novamente para a disputa. Afinal, há um acerto de contas com sua biografia, severamente manchada pelo 9 de Dezembro de 2020 , o “dia que nunca terminou”. O timing de José Eduardo, virtude política da qual ele não consegue disfarçar certo orgulho, aponta, satisfeito, para o controle da narrativa.

 

O retorno triunfal de José Eduardo passa, estrategicamente, pela dúvida sobre sua volta. José Eduardo sabe que o poder é disputado, eternamente, entre os que o ambicionam e os que o merecem. Não será difícil, no tempo certo, mostrar que enquanto Junão ambiciona continuar na prefeitura, José Eduardo merece voltar para limpar o nome “injustamente enlameado”. É assim que enquanto Junão se vê obrigado a fazer barulho em busca da reeleição, o filho de Dona Edna trabalha, meticulosamente, com o silêncio estratégico. Quanto mais segurar as informações sobre sua candidatura, mais expectativas José Eduardo vai gerar e mais comoção vai represar até a explosão de uma catarse popular que o carregue nos ombros de volta à rampa do Paço Municipal. No fundo, bem no fundo, José Eduardo sabe que a sociedade guairense, além de conservadora, pratica uma indulgência seletiva. A mesma que não o culpa pelos malfeitos do “Caso Gaeco” mas torce o nariz , reservadamente, para os outros envolvidos. José Eduardo, “pai de todos”, se equilibra, com competência e inteligência emocional, no discurso de que ninguém deve pagar com a vida por “erros circunstanciais” porque sabe, naturalmente, que os guairenses já fizeram seu julgamento. Assim, poderá afirmar que ficou do lado de todos muito embora muitos não poderão ser aproveitados (pelo menos publicamente) na nova batalha que se avizinha. Assim também, o filho de Dona Edna, que de bobo e de baba não tem nada, poderá contar, inclusive, com os “proscritos” de seu próprio grupo na batalha campal de 2024. Gente que mesmo excluída da ribalta política, se sentirá “feliz” e “reconhecida” por ter sido “abraçada” pelo “grande pai” que “jamais culpou companheiros” pela tragédia de 2020.