Gastos da prefeitura, sob Junão, com a Festa do Peão em 2023 e 2022 (os dois primeiros anos do mandato-tampão) apresentam uma média com shows que não chega a R$ 200 mil por festa. Agora, em ANO ELEITORAL, prefeito VAI GASTAR 825% A MAIS

“Panem et circenses”. Embora alguns historiadores contemporâneos tenham inaugurado uma controversa revisão do conceito, a política perniciosa do “Pão e Circo” desenvolvida durante a República Romana e também no decurso do Império dos Césares, ainda é a tese mais aceita por historiadores sérios que analisam os subterfúgios utilizados pela elite governante ao longo dos séculos para manipular a plebe pagadora de impostos. Em Guaíra (SP), terra natal deste colunista e região do interior paulista onde prevalece o conservadorismo e o gosto natural pela sertanejo , a oferta de shows de apelo popularíssimo com nomes estrelados da fivela, botina e chapéu (nada contra aos que assim preferem mas eu não aprecio) soa como um irresistível canto da sereia num município onde as opções de lazer e cultura são tão abundantes como poços de petróleo. Sabendo disso e costeando o alambrado da ilegalidade, Antonio Manoel, o prefeito-tampão e candidato que altera diretrizes para favorecer seus loteamentos particulares , demite assessores que se recusam a chancelar licitações ilegais e dispensa pregões em contratos milionários resolveu, como um tirano certo da impunidade, atropelar a legislação eleitoral e contratar, com dinheiro público, shows milionários para a Festa do Peão 2024. Como se fosse dono da cidade e do próprio futuro dos cidadãos, Antonio Manoel tripudia sobre a legislação eleitoral , ignora o que vem acontecendo com malandragens do tipo em todo território nacional (assista ao vídeo deste artigo) e financia, com dinheiro público, um imenso e milionário circo que ofende a inteligência dos guairenses.

 

A Lei das Eleições é clara. Cristalina. Solar. Vejamos: “configura conduta vedada prevista no art. 73, Ej 10, da Lei das Eleições, a realização de evento com shows de artistas renomados, com entrada franca da população, ocorrido no ano das eleições”. Vejamos mais: “caracterizado ainda abuso de poder econômico e abuso de poder político havendo demonstração de que o valor gasto na contratação dos shows foi vultoso em relação à própria campanha eleitoral, ou seja, a máquina pública foi utilizada em prol de candidatura, causando desequilíbrio no pleito”. Mais do que isso, os gastos da prefeitura, sob Junão, com a Festa do Peão em 2023 e 2022 (os dois primeiros anos do mandato-tampão) apresentam um média com shows que não chega a R$ 200 mi por festa. Algo em torno de R$ 190 mil e nada mais. Agora, em ano eleitoral, a prefeitura, comandada pelo mesmo Antonio Manoel, anuncia que vai bancar dois shows milionários e GRATUITOS ao valor de inacreditáveis R$ 1.650.000,00. Sim, é isso mesmo: NOS ANOS EM QUE NÃO HAVIA ELEIÇÃO MUNICIPAL, o prefeito de Guaíra (SP) nunca passou da média de R$ 190 mil por festa. AGORA, NO ANO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS NAS QUAIS SERÁ CANDIDATO, Antonio Manoel, como se não existissem o Tribunal Superior Eleitoral, o Tribunal Regional Eleitoral e o Ministério Público Eleitoral, resolve, na MAIOR PUREZA E IMACULADA INOCÊNCIA, torrar quase R$ 2 milhões do dinheiro do contribuinte com Gustavo Lima e Maiara e Maraísa. Não cola e é inacreditavelmente ridícula a argumentação de que a troca dos ingressos por alimentos não perecíveis seja uma “forma (sic) de pagamento”. A quem o prefeito e seus sabujos querem enganar com seus “planos infalíveis”? Dá pra acreditar num faroeste caboclo desses? Dá para engolir uma terra sem lei dessas? Os shows de Gustavo Lima e Maiara e Maraísa, embora já oficializados pelo marketing da festa e descritos em aviso da Modalidade de Inexigibilidade (contorcionismo semântico-jurídico para o ato de contratar sem licitar) do setor de Licitações e Contratos da prefeitura do município, ainda não aconteceram nem foram efetivamente pagos. Apenas empenhados Logo, o crime ainda não foi consumado. Junão ainda não puxou o gatilho. Só armou o cão. É como um criminoso, absolutamente certo da própria impunidade, ligar para polícia e informar o dia, a data, a hora e o local em que vai cometer o ilícito. Alguém (mas pode me chamar de Ministério Público) precisa acabar com essa farra infame, com essa desfaçatez, e tirar a arma de sua mão antes que aconteça uma tragédia. Mais uma, entre tantas outras já reveladas por esta coluna, sem nenhuma cortina.

 

Relembrar é viver. Para não deixar morrer. Quem não se lembra do rigor draconiano do Ministério Público Eleitoral nas eleições 2020? Certo de seu sebastianismo naqueles tempos estranhos, o MP guairense resolveu pedir a impugnação da chapa do então prefeito-candidato José Eduardo por conta de uma entrevista na qual a ex-primeira-dama Edna Coscrato Lelis (mãe de José Eduardo e esposa do ex-prefeito Adnaer Lelis) elogiava o filho. Se declarações de amor a um primogênito foram motivo de impugnação de uma candidatura em 2020 (na época, para o MP, o jornal que publicou a entrevista favoreceu José Eduardo), o que se dirá em 2024, se confirmado o pagamento de quase R$ 2 milhões a estrelas sertanejas com dinheiro da plebe em ano eleitoral, a cinco meses do pleito (a Festa do Peão é em maio)? Como aqui já dito anteriormente, fosse eu algum dedicado servidor do setor de licitações da prefeitura que se presta a ajudar Junão no contorcionismo da lei eleitoral, tratava de ficar longe de canetas e carimbos. O xilindró pode virar um “Airbnb” onde o sol nasce quadrado para alguns guairenses que insistem em embarcar no “vôo” Kamikaze de um chefe do executivo que insiste em achar que vive numa terra sem lei.

 

Um dos maiores estrategistas de guerra de todos os tempos, Napoleão Bonaparte (cujo sepulcro visitei pessoamente em Paris em abril deste ano) ensinava, com fina inteligência: “não atrapalhe o inimigo quando ele estiver errando”. Isso não é um problema meu e sim de quem é candidato. A este jornalista cabe mostrar os fatos como eles são.

 

Você, caro leitor, é um daqueles paladinos da moralidade que acha que José Eduardo deveria ter sido cassado mesmo por conta da entrevista de Dona Edna mas fecha os olhos para o escárnio da contratação milionária de sertanejos estrelados com dinheiro público porque deseja se refestelar ouvindo “O Embaixador” na boca da ribalta? Lamento. Não sou candidato a nada e a decisão correta, à luz da moral pública e da lei eleitoral, é cancelar a contratação . Junão, como prefeito, pode muito mas não pode tudo. Ninguém está acima da lei. Nem eu. Nem Gustavo Lima. Nem Maiara e Maraisa. Nem Antonio Manoel.

 

No vídeo deste post, sequência de notícias de shows sertanejos milionários que foram cancelados, por decisão da justiça, em diversas cidades do país por conta de gastos aviltantes com uso do dinheiro público. AO FINAL DO VÍDEO,NOS DOIS ÚLTIMOS FRAMES, CARTAZ PROMOCIONAL DA FESTA DE GUAÍRA E EXTRATO DA DISPENSA DE LICITAÇÃO DA PREFEITURA PARA CONTRATAÇÃO DOS ARTISTAS . O escárnio dos shows milionários da Festa do Peão de Guaíra em ano eleitoral é uma bomba-relógio esperando para explodir.