Trata-se da maior corrida pelo apoio de idiotas que se tem notícia nos quase cem anos de história de uma cidade que não consegue sair da marca de 40 mil habitantes há quase meio século
Há método nos movimentos de fascistização de José Eduardo. O ex-prefeito impugnado, cristão novo do bolsonarismo e filiado ao PL do mensaleiro Valdemar da Costa Neto quer, com sua guinada à extrema-direita, conquistar o apoio cego da xucraiada que ainda presta devoção ao ex-presidente genocida e golpista. Baseia-se nos resultados das eleições presidenciais de 2022 na pequena , agrária, jeca e conservadora cidade do interior paulista, quando 62,6% dos votos válidos foram direcionados ao futuro presidiário. Nada, é claro, que fizesse muita diferença no pleito que elegeu Lula e salvou o país do que seria um mergulho sem volta no autoritarismo chulo de uma quadrilha de golpistas formada por loucos, militares fascistas e assessores supremacistas. Em busca do voto – para si ou para um pateta deslumbrado - de gente que se mata pelo “capitão”, o filho de Dona Edna rifou a própria reputação social democrata para mergulhar, de cabeça, no mais puro suco da pior espécie de atores políticos que já passou pela face de um Brasil que nunca deixou de sangrar. Faltou, é claro, combinar com outro bolsonarista local, o prefeito-tampão Antonio Manoel, aquele mesmo que, como se ficou sabendo, é um tigrão diante dos eleitores incautos mas se tranforma numa drag queen quando é obrigado a prestar contas ao Ministério Público. Assim como José, Antonio também conta com os xucros. Ele precisa do voto dos jumentos do bolsonarismo guairense para continuar no poder e já vem fazendo de tudo para tê-los. Trata-se da maior corrida pelo apoio de idiotas que se tem notícia nos quase cem anos de história de uma cidade que não consegue sair da marca de 40 mil habitantes há quase meio século, sem nunca deixar de acreditar que um dia “o futuro vai chegar”. Enquanto ele não chega, o jogo de cena, a manipulação, a cara de pau e o escárnio da prostituição ideológica dão as cartas e as caras numa sociedade satisfeita com o obscurantismo da fé, a covardia do deixa disso e o orgulho da própria ignorância.
MAS E O SÉRGIO?
No meio dessa barafunda inacreditável, como fica então o ex-prefeito Sérgio de Mello, o único que poderia, em tese, se apresentar como opção real fora do eixo “Deus, Pátria e Família”, tão caro aos guairenses bolsonaristas como foi para os fascistas de Mussolini nos anos 30? Sérgio tanto pode ser um covarde esperando para se assumir publicamente e declarar, mais uma vez, apoio a um Junão bolsonarista; ou, na direção inversa, um homem público progressista decidido a recuperar seu legado histórico, desafiando, pela terceira vez, o establishment local. Se for a segunda opção, terá de combinar antes com a família, especialmente com filhos mimados que acham que a vida, “brou”, é pegar uma onda e ouvir Bob Marley, “brou”.
SER XUCRO OU NÃO SER
Pela enésima vez se verá, como em eleições anteriores, que o dilema de candidatos e eleitores nas municipais deste ano em Guaíra (SP), se dará em torno da dúvida de ser ou não ser xucro. Para tanto, será necessário, a todos, sem exceção, encarar o espelho todas as manhãs. De candidatos a eleitores. De assessores a puxa-sacos. “Espelho, espelho meu...pode haver alguém mais xucro do que eu?”
A coluna “Por trás das Cortinas” é dedicada exclusivamente aos leitores e seguidores de Guaíra (SP), terra natal do autor.