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FÉ E POLÍTICA: ATENTO AOS SINAIS.

Revelando algo que só a Selma e o Dr. Aloizio sabiam.

30/03/2024 às 09h13
Por: Sergio de Mello
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Notável homem público e cidadão, o apoio do Dr. Aloizio em 2004 foi fundamental para conquistar meu primeiro mandato como prefeito. Me sinto honrado e agradecido até hoje.
Notável homem público e cidadão, o apoio do Dr. Aloizio em 2004 foi fundamental para conquistar meu primeiro mandato como prefeito. Me sinto honrado e agradecido até hoje.

Vinte anos depois, o espirito evangelizador da Semana Santa me encorajou a antecipar a revelação de algo que estava programado só para o meu livro autobiográfico, congelado desde outubro de 2019, após as mortes de minha mãe Luzia e irmã Regina, no curto intervalo de 30 dias. O clima de pesar influiu, mas o principal motivo para o adiamento do livro foi a vontade de aguardar o julgamento de todos os meus processos judiciais: na época eram sete, restando apenas um (fui inocentado em seis).

 

A ANGÚSTIA DA MINHA DECISÃO EM 2004

Depois de exercer a vereança por dois mandatos consecutivos (1993 a 2000), parti para a disputa da prefeitura, sempre pelo Partido dos Trabalhadores. Nas eleições municipais de 2000, tive como candidata a vice nossa querida dona Janete Barini; venceu Minininho (José Pugliesi), mas infelizmente adoeceu e faleceu sem tomar posse, assumindo em seu lugar o então vice-prefeito e médico Dr. Orlando Garcia Junqueira. Fato inédito, meses depois o Dr. Orlando também adoeceu e teve morte natural no final de 2002. Com a vacância do cargo, nova eleição foi realizada em fevereiro de 2003. Disputei novamente, desta vez tendo como candidato a vice o empresário Denir Ferreira dos Santos; sendo vencedor José Carlos Augusto para concluir o mandato de 21 meses.

Nas eleições municipais de 2004, as forças políticas que me apoiavam eram favoráveis que eu disputasse a prefeitura pela terceira vez, onde o candidato a vice seria o ex-prefeito Dr. Aloizio Lelis Santana. Esse distinto apoio animava, mas duas importantes questões me angustiavam para tomar a decisão.

A primeira, de caráter pessoal (profissional e familiar): como bancário da Caixa, nos dois anos anteriores havia me dedicado muito em dificil processo seletivo interno para gerente, tendo sido aprovado para o banco regional de habilitados, com prazo de seis meses para tomar posse do cargo gerencial (em outra cidade), ou perderia a oportunidade, tendo que refazer todo o processo (nada fácil). Em termos de carreira e ganho salarial, seria muito importante para mim e família abraçar esta oportunidade.

A outra questão, de natureza política, era mais desafiadora ainda: o candidato a prefeito da situação seria o Dr. Quito Pugliesi (irmão do Minininho), tendo como vice Badia Jabour Junqueira (viúva do Dr. Orlando). Tido como imbatíveis, eles lideravam as pesquisas de intenção de votos.

MISSÃO QUASE IMPOSSÍVEL

Era mês de junho, manhã de sábado, quando eu e o Dr. Aloizio fomos à Barretos conhecer o resultado de uma pesquisa eleitoral que ele tinha contratado com o matemático e professor Maurício Hermann. Nada animadores para nós, os resultados confirmaram o favoritismo do Dr. Quito, que liderava com 42% das intenções de votos, enquanto eu aparecia com minguados 15%. Percebendo minha preocupação, Dr. Aloizio tentou me tranquilizar ao me deixar em casa: “olha Sérgio, eu já disputei várias eleições, ganhei, fui derrotado, e reconheço que nossa situação é muito difícil. Entendo sua preocupação com as pesquisas, com a carreira profissional, com sua família... te deixo a vontade e acatarei sua decisão de recuar ou de seguir em frente com a candidatura. Estou com você e, caso a gente dispute e perca, se ao final da campanha restar alguma dívida, eu cubro. Agora, se você ganhar e restar pendências, você assume, mas vamos cuidar para que os gastos fiquem dentro do planejado.”

Eu teria 48 horas para dar a resposta, pois na segunda-feira teríamos que publicar o edital das convenções dos partidos envolvidos. Nosso grupo político e a imprensa estavam ansiosos pra saber a decisão.    

 

PAI, AFASTA DE MIM ESTE CÁLICE.

Na Semana Santa daquele ano (abril/2004), teve estreia no cinema mundial, um belo e comovente filme “THE PASSION of the CHRIST”, produzido e dirigido pelo ator Mel Gibson e estrelado por Jim Caviezel. Em Guaíra, a sala de cinema funcionava no anfiteatro da Casa de Cultura e o aguardado filme seria exibido justamente naquele sábado de junho. Eu e a Selma fomos assistir. Impactante e com fortes cenas de violência do começo ao fim, voltei pra casa ainda mais angustiado, especialmente com a primeira cena do filme: Jesus está no Jardim do Getsêmani, no Monte das Oliveiras, orando sozinho e em verdadeira agonia, pois sabia que seria preso, humilhado e torturado até a morte na cruz. De sua face escorria suor e sangue quando fez a célebre súplica a Deus: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice. Contudo, que seja feita a tua vontade, e não a minha”. (Lucas 22:42)

Quase não consegui dormir naquela noite, lembrando do filme e pensando na decisão que eu precisava tomar, afinal, uma terceira derrota seria o fim da minha carreira – política e profissional. O domingo amanheceu e, angustiado, convidei a Selma para irmos à missa das 7 horas na igreja matriz de São Sebastião (tínhamos o hábito de só ir a noite). Chegamos em cima da hora, com o padre, ministros e auxiliares já perfilados para adentrar a igreja. Ao nos ver chegando, o saudoso Sr. Américo de Oliveira foi ao nosso encontro com dois coletes verdes, pedindo pra gente vestir e acompanhar o grupo da celebração, pois o casal escalado teve um contratempo e não compareceu.

Sem tempo e sem opção, perguntei ao Sr. Américo: mas o que nós vamos fazer? “Não se preocupe, na hora o padre te chama e você saberá o que fazer”, respondeu ele (a participação de leigos era novidade na época e não estávamos nada familiarizados).

Muito emocionado, acompanhamos toda a missa do altar e eu praticamente não conseguia conter o choro. Lembrava das cenas fortes do filme, da minha dúvida na política e pedia a Deus um sinal, enquanto esperava ansioso o momento da minha participação. E ele chegou, justamente na hora da comunhão: olhando para traz em minha direção, o padre (não recordo com certeza qual era, tal o nervosismo) fez um gesto para eu me aproximar e aí acontece o inesperado: ele me entrega justamente o CÁLICE com o vinho consagrado e me orienta para ficar ao lado do Ministro da Eucaristia para distribuir a comunhão aos fiéis.

SEREI CANDIDATO DR. ALOIZIO, VAMOS PRA LUTA E PRA VITÓRIA!!!

Ainda emocionado, sai da missa aliviado, confiante e com uma decisão tomada. Compartilhei com a Selma e, chegando em casa, liguei imediatamente para o Dr. Aloizio, antecipando a resposta aguardada para o dia seguinte: “Já me decidi, seremos candidatos Dr. Aloizio, vamos pra luta e pra vitória. Que Deus nos abençoe e proteja.”

E, para surpresa de muitos, o que parecia improvável aconteceu: com uma campanha modesta, mas muito criativa e convincente, viramos o jogo e vencemos as eleições com 8.648 votos (40,37% dos votos válidos), seguidos por Dr. Quito com 7.598 votos (35,47%), Claudio Armani 4.001 votos (18,68%) e Dr. Zé Vicente Lopes 1.173 votos (5,48%).

Obs.: 1) apenas recentemente revelei este episódio para o Dr. Aloizio. 2) em minha trajetória na política, existem outros eventos marcantes que, ao meu ver, foram sinais claros do amor e proteção Divina. Enquanto o livro autobiográfico permanecer em "stand-by", quando sentir no coração, irei antecipando aqui na coluna.

 

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Rosane F. CassianoHá 6 meses GuairaNossa perfeito parabéns Sergio
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CONTRAPONTO
Sobre o blog/coluna
Graduado em Ciências Contábeis e Direito, Sergio de Mello é profundo conhecedor dos processos legislativos e da administração pública, tendo exercido dois mandatos como Vereador (1993-2000) e dois mandatos como Prefeito (2005-2008 e 2013-2016), pelo Partido dos Trabalhadores. O blogue é um convite para se ter um novo olhar sobre Guaíra/SP, terra adotiva do colunista desde 1981, onde os FATOS (boatos nunca), do presente ou do passado, serão tratados sobre o crivo da análise crítica respeitosa
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