Estratégia do filho de Dona Edna começa a fazer sentido e mostra que represamento do anúncio impediu Antonio Manoel de conhecer, com antecedência, quem o desafiará

Enganou-se, inclusive este colunista, quem imaginava que o grupo eduardista estava desarticulado no sentido de se preparar para a batalha das eleições municipais de outubro. Os eduardistas já bateram o martelo e avisam: “Junão terá adversário e não vai continuar na prefeitura”. A autoconfiança é sintoma do que está sendo preparado: participação decisiva de José Eduardo (mesmo que o filho de Dona Edna não seja candidato) e a unção de nomes que possam oferecer uma chapa que reúna o sopro da novidade com a segurança da experiência. “Ninguém será oferecido em sacrifício, como você chegou a analisar. Pelo contrário, o grupo se prepara para uma grande batalha das urnas e vai mostrar toda a força de sua tradição ao mesmo tempo que apresentará novidades sedutoras”, disse à coluna um dos mais experientes eduardistas. Para ele, o ex-prefeito José Eduardo Coscrato Lelis, reeleito de forma histórica em 2020 e impedido de exercer o segundo mandato por conta do controverso escândalo do Gaeco, terá uma participação decisiva no pleito. “O José Eduardo é um de nossos nomes mais importantes e sua presença efetiva na campanha, mesmo que não seja ele o candidato, será fundamental e indispensável. Estaremos juntos na luta pelo resgate da verdade enquanto ele batalha por sua inocência na justiça”. As palavras do interlocutor que pediu para não ser identificado, dizem muito sobre o que deve ser o mantra da campanha da oposição: “José Eduardo é inocente e vamos desmascarar os impostores”. O objetivo dos eduardistas, além de apresentar uma chapa com tórax tradicional e pernas de um jovem velocista, é trazer à tona o que eles chamam de “escândalos camuflados do Governo Junão”. “Se o atual governo imaginava que esta eleição seria um passeio, é melhor que seus integrantes revejam essa impressão. A população merece saber a verdade”, afirma o interlocutor.

 

O longevo membro do grupo eduardista também afirmou que ninguém pode dizer que José Eduardo seja um radical. “Nem na vida pessoal e nem na vida política. O José Eduardo é um homem correto, gentil, educado e respeitador. Não é porque ele se filiou ao partido de Bolsonaro (PL), que significa que ele se transformou num extremista”, diz. E acrescenta: “a filiação do ‘Zé’ ao PL apenas mostra que ele quer continuar se apresentando como uma opção moderada para o eleitorado sabidamente conservador de Guaíra que não gosta do PT mas que também não concorda com extremismos de direita. A eleição é municipal e não federal. O que estará em jogo aqui é a preferência do eleitor por pessoas e nomes conhecidos.Não vamos nos envolver com essa guerra nacional”, afirma.

 

José Eduardo foi muito criticado, especialmente por esta coluna, por não ter se colocado como candidato logo em janeiro; mas o tempo começa a mostrar que sua estratégia pode fazer sentido. Agora, já ao final de fevereiro é possível notar, a partir de manifestações como a do interlocutor da coluna, que o ex-prefeito não vai deixar tudo para a última hora mas precisava de pelo menos chegar até o início de março sem “municiar” Junão. Com o grupo próximo da definição dos nomes e já decidido “a não permitir que o mandato-tampão do Antonio Manoel se transforme num segundo mandato”, José Eduardo prova que o importante é resgatar a verdade com a força de um grupo que muitos consideravam morto e ultrapassado. Montados sobre a verdade que prometem revelar, os eduardistas, com José Eduardo candidato ou não, dão pistas de que, daqui para frente, Junão não terá uma vida fácil como se imaginava.

 

Ao defender a presença forte de Jose Eduardo na campanha (mesmo que ele não seja o candidato), a liderança eduardista ouvida pela coluna mostra que o grupo não mordeu a isca de que o filho de Dona Edna seria "tóxico". A fé na simpatia do bom moço continua sendo uma das principais armas da oposição guairense para retomar o poder. Na imagem Jose Eduardo é abraçado por populares depois de confirmada sua vitória como primeiro prefeito reeleito da história de Guaíra.