A José Eduardo não restou nem a desculpa do desconhecimento. Quando, há pouquíssimo tempo, deixou o Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB, para migrar para o Partido Liberal (numa adesão burra e tardia ao bolsonarismo), o filho de Dona Edna sabia exatamente o que estava fazendo. Mesmo tendo por antípoda outro bolsonarista declarado (o atual prefeito-tampão Antonio Manoel), José Eduardo decidiu, sabe-se lá ouvindo quais fantasmas, disputar com o filho de Dona Eliza o título trágico de quem bajularia mais um criminoso que teve o passaporte apreendido e cujo destino próximo e inafastável é o xilindró. Não por acaso e para assombro até das inteligências médias, o mesmo destino que ameaça o ex-prefeito impugnado, réu em ação penal por suposta formação de quadrilha apontada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. Ofendendo a inteligência do eleitor guairense, José Eduardo foi para o PL acreditando que em Guaíra (SP), Bolsonaro seria “blindado” por conta da jequice geral e do voto de cabresto perpetuado pelos neocoronéis do agro. Esquece-se José que, como já dissecado aqui, há um oceano de eleitores guairenses que não aparece para votar há pelo menos duas eleições ordinárias e uma outra extraordinária. São milhares de “Josés” de preferência eleitoral desconhecida sendo olímpica e estupidamente ignorados por um só José que perdeu a mão, o juízo, a linha, o carretel e, sobretudo, o respeito de muito gente que prefere não se manifestar publicamente.
COMO SE DEFEDER DE UM “GOLPE” SENDO FILIADO A UM PARTIDO GOLPISTA E PUXA-SACO DE UM PRESIDENTE QUE TENTOU EMPLACAR UMA RUPTURA INSTITUCIONAL?
Não foi só o respeito silencioso que José Eduardo perdeu. O filho de Dona Edna também deixou escapar por entre os dedos, qualquer possibilidade de narrativa do que seria o “golpe” que o teria arrancado do poder. Como José Eduardo poderá falar em golpe contra si mesmo se ele, depois do escancarado golpismo de Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto, decidiu engrossar as fileiras do fascismo e até figurou como “estrela” da propaganda partidária do PL em horário nobre? Como até os “Josés” que José desconhece já sabem de trás para frente, além de todos os mandados de busca, apreensão e prisão desta quinta-feira histórica, revelou-se, ao cair da tarde de hoje, que a sede nacional do PL – partido de Valdemar, Bolsonaro e José Eduardo – abrigava um documento que declarava – pasme – estado de sítio no país. Sim, a sede do novo partido de José Eduardo virou um covil do golpe. Logo José Eduardo, que tanto se agarrou à narrativa do “golpe” quando deu as primeiras declarações depois do infame “9 de Dezembro”, o dia que não havia terminado. Ao que parece, o dia que nunca terminou encontrou seu fim. Um fim melancólico de um bom moço que acusado de corrupção não teve a coragem – o que seria até para seu próprio bem – de ficar do lado certo da história, do lado certo da democracia. Preferiu, num cálculo kamikaze, desfilar de bolsonarista diante de uma plateia que ele considera cega e devota a um genocida. Juntou-se ao que existe de pior hoje na política brasileira. Ninguém o forçou. Pelo contrário, José Eduardo foi alertado. Adulto e supostamente vacinado entre aqueles que, entre outras aberrações, pregam a não vacinação, terá de arcar sozinho com as consequências de suas escolhas.
Na imagem deste post, José Eduardo, “cristão novo” do PL, entre as manchetes de agora há pouco que revelam que a Polícia Federal encontrou documento golpista na sede do partido. O ex-prefeito não pode ser culpado pelos crimes da sigla mas sabia onde estava se metendo quando se filiou ao partido de Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto.