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FIM DE EDIÇÕES IMPRESSAS DECRETA DESIMPORTÂNCIA DOS “JORNALÕES” NAS CAMPANHAS POLÍTICAS

Outrora poderosos , antigos órgãos de imprensa perderam espaço vital para plataformas digitais como redes sociais, blogs e podcasts

Conrado Vitali
Por: Conrado Vitali
27/01/2024 às 14h57 Atualizada em 29/01/2024 às 14h59
FIM DE EDIÇÕES IMPRESSAS DECRETA DESIMPORTÂNCIA DOS “JORNALÕES” NAS CAMPANHAS POLÍTICAS
Em sentido horário, este escriba caminha pelas ruas de Nova York, Washington, Londres e Paris. Se nas cidades mais importantes do mundo, na América e na Europa
É um caminho sem volta
Em julho de 2022, em mais uma viagem à Nova York (cidade que considero a capital do mundo), visitei a sede do New York Times, o jornal mais influente do planeta.O escritório central fica no imponente e histórico “New York Times Building”, na oitava avenida, à altura do número 620, em Manhattan. Naquela época, há pouco mais de um ano e meio, durante o período em que fiquei hospedado no centro de NY, próximo a Times Square, a Fundação Nieman, principal instituição de jornalismo da Universidade de Harvard, divulgou pesquisa ( com base em dados compilados pela Press Gazette, Audit Bureau of Circulations e Alliance for Audited Media ), que mostrou que a tiragem dos 20 maiores jornais dos EUA (incluindo o NYT) , encolheu 81% desde 2000. Trata-se de uma redução assombrosa e sintomática dos novos e irrefreáveis tempos da informação na web. Em todo mundo, seja no chamado circuito Elizabeth Arden, que reúne as mais importantes capitais do mundo (Washington, Paris, Londres, Roma) ou cidadezinhas perdidas no interior de grotões dos hemisférios Norte e Sul; antigos, pesados e mofados jornalões, outrora poderosos, perderam espaço vital para plataformas digitais como as redes sociais, blogs e podcasts. Em Washington, que também revisitei em julho de 2022 sob um sol escaldante de 35 graus, o respeitadíssimo Washington Post também se viu obrigado a diminuir a tiragem impressa. Em Paris, onde também estive há pouco mais de oito meses, o renomado “Le Monde” (não confundir com o Le Monde diplomatique), apesar de todo seu prestígio, viu o número de exemplares impressos encolher. Em Londres, capital do Império Britânico que visitei em abril, a coisa não foi muito diferente com o The Guardian ou o The Daily Telegraph. É um caminho sem volta.
 
NO BRASIL, UM AVANÇO DEVASTADOR
Ainda em 2014 – e lá se vão quase 10 anos - pesquisa da Secretaria de Comunicação da Presidência da República mostrava que pela primeira vez, os brasileiros passaram a gastar mais tempo na internet do que assistindo TV (outra vítima irrecuperável do avanço das informações via web): 3h39 minutos ante 3h29 minutos. No ano seguinte, em 2015, a pesquisa descobriu que 48% (lembre-se, estamos falando de oito anos atrás) dos brasileiros usavam internet e, dentre esses, 83% tinham Facebook, 58%, WhatsApp e 17%, Youtube. Hoje, menos de uma década depois, os números são ainda mais devastadores para a mídia impressa e dizem muito sobre a velocidade de destruição sobre a antiga “importância” dos jornais impressos. Em 2023, de acordo com pesquisa divulgada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), o acesso à internet chegou a 84% da população brasileira, impulsionado pelas classes C e D. Isso quer dizer que 156 milhões de pessoas estão conectadas no País. Não é por outra razão que no final de 2022, há pouco mais de um ano, pesquisa da plataforma “Brasil 360” mostrou que 15 dos principais jornais brasileiros registraram queda de 16,1%, em média, na circulação em 2022. A tiragem média diária somada dessas publicações terminou 2022 em 394.130 exemplares. A soma dos exemplares impressos de 2022 equivale a apenas 46,7% do total dos 4 anos anteriores, quando a tiragem chegava a 843.231.
 
IMPACTO NAS CAMPANHAS POLÍTICAS
Como este autor já vem alertando desde o ano passado, nas séries de artigos “Periscópio do Planalto” e “Por trás das cortinas” (divulgadas em textos e vídeos em nas redes sociais Facebook, Linkedin e TikTok ), o impacto do fim da importância dos jornais impressos será devastador nas campanhas políticas. Saem, definitivamente, os jornais impressos e entram a inteligência virtual, o marketing digital e os conteúdos exclusivos postados com velocidade. É inescapável. O candidato ou coligação que investir em jornais impressos vai estar, em certa e tenebrosa medida, rasgando dinheiro. Assim, é preciso, primeiro, mudar o modelo mental de quem vai utilizar este novo formato de comunicação de massa nas disputas eleitoras. Parte dos grupos políticos, especialmente os que habitam regiões mais conservadoras e menos afeitas à ciência estatística, pode cair na “armadilha das tradições”. Ultrapassados, decadentes e titubeantes, os jornalões impressos do interior que estão migrando só agora para o universo digital já chegam à corrida derrotados, muito atrás numa largada que começou bem antes. Enquanto resistiam às mudanças, foram atropelados pelos fatos, pelos números e pelo admirável mundo novo do noticiário via web. Perderam o trem-bala da história.
 
A SELVA E O BOLSA PUXA-SACO
O desafio, para candidatos e coligações, será escolher, para o bem de seus objetivos, caminhos consistentes no meio de uma selva de diletantes, amadores e despreparados. Como dito, pouco antes de morrer, por Umberto Eco – autor de “O Nome da Rosa”- “a internet deu voz aos imbecis”. E eles, os imbecis, são uma praga incontrolável na web. Assim, não adianta apenas investir no poder inquestionável das mídias digitais. O sepultamento dos jornais impressos (inclusive os de campanha) passa necessariamente pela escolha correta de plataformas digitais confiáveis e profissionais talentosos, com formação robusta, repertório de alta complexidade, domínio das linguagens e das novas tecnologias (entre as quais e especialmente, a inteligência artificial), capacidade de comando e experiências exitosas. Na selva digital, não há espaço para amadores nem tempo para experimentações. O tempo é curto. O dinheiro de campanhas é precioso e não um fundo garantidor do “Bolsa Puxa-Saco”.
 
NEM AS CIDADES MAIS IMPORTANTES DO MUNDO RESISTIRAM
Na imagem deste post, em sentido horário, este escriba caminha pelas ruas de Nova York, Washington, Londres e Paris. Se nas cidades mais importantes do mundo, na América e na Europa, os jornais impressos estão encolhendo, imagine em rincões perdidos no interior.
 
A coluna Marketing Político faz parte do conjunto de séries de artigos temáticos do autor e integra o ecossistema de crítica, opinião e análises também formado por “Por trás das cortinas” (Facebook e TikTok), “Periscópio do Planalto” (Facebook e Linkedin) e “Luneta do Planeta” (Facebook e Linkedin).
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A coluna Marketing Político faz parte do conjunto de séries de artigos temáticos do Jornalista Conrado Vitali e integra o ecossistema de crítica, opinião e análises também formado por “Por trás das cortinas” (Facebook e TikTok), “Periscópio do Planalto” (Facebook e Linkedin) e “Luneta do Planeta” (Facebook e Linkedin).
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