Após anos sem grandes movimentações públicas, um dos casos mais emblemáticos de investigação sobre corrupção em Guaíra (SP) voltou a avançar na Justiça. Embora muitos pareçam querer manter o assunto no esquecimento, os processos seguem em andamento, com novas audiências e desdobramentos judiciais.
Em dezembro de 2020, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) deflagrou uma operação em Guaíra, investigando um esquema de fraudes em licitações e desvio de dinheiro público. A ação resultou no afastamento do prefeito e na prisão do vice-prefeito, além do cumprimento de mandados de busca e apreensão em órgãos públicos e residências particulares.
As investigações indicaram que contratos públicos eram direcionados e manipulados, beneficiando determinados grupos e causando prejuízos milionários aos cofres municipais. Na época, a operação teve grande repercussão, mas, com o passar do tempo, as discussões sobre o caso foram desaparecendo do debate público.
Mesmo sem grande alarde, os processos seguem em tramitação. O processo de número 1001589-93.2022.8.26.0210, ligado à operação do GAECO, continua com movimentações recentes.
Nos últimos meses, houve oitiva de oito testemunhas, enquanto outras dezesseis foram dispensadas. Além disso, novas petições foram protocoladas e uma audiência está marcada para o dia 21 de março de 2025, indicando que as investigações ainda não chegaram ao fim.
Diferente do que muitos podem pensar – ou desejar –, o caso não foi arquivado e ainda não virou pizza. Embora o desfecho ainda não esteja definido, as ações judiciais continuam avançando e poderão trazer resultados concretos no futuro.
A operação realizada pelo GAECO em Guaíra fez parte de um esforço mais amplo para combater esquemas de corrupção em municípios do interior paulista. Além de Guaíra, investigações simultâneas ocorreram em cidades como Franca e Batatais, onde prefeitos e servidores públicos foram alvo de buscas e apreensões.
As ações do Ministério Público reforçam a necessidade de maior controle sobre os contratos firmados pela administração pública e o combate à impunidade em casos de corrupção.
O silêncio em torno do caso não é um acaso. Poucos falam sobre o assunto, poucos querem que ele seja lembrado, e menos ainda querem que a população saiba que a Justiça segue em movimento.
Contudo, o papel do jornalismo é justamente esse: informar. Ignorar o avanço desse processo seria compactuar com a ideia de que o tempo resolve tudo – e que casos como esse podem simplesmente desaparecer da memória coletiva.
Se Guaíra um dia esperou respostas, elas ainda estão sendo construídas. E, independente da demora, a verdade precisa ser acompanhada e divulgada.